segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

BEBEDOURO

      Bebedouro é um bairro de Maceió, capital do estado brasileiro de Alagoas. É um dos bairros mais antigos, estando localizado às margens da lagoa Mundaú.
      Um dos mais antigos e festeiros bairros de Maceió, Bebedouro é lembrado nos livros de história de Maceió como palco de memoráveis festas, de encontros políticos, comércio em franco desenvolvimento e a hospitalidade de seus moradores, que continua sendo preservada pelas novas gerações. O bairro já foi o preferido pela elite alagoana, que construíam seus casarões na rua principal, próximo à lagoa Mundaú e a linha férrea. Serviu de reduto do português Jacintho Nunes Leite e do major Bonifácio Silveira, os dois verdadeiros construtores do progresso.
      Bebedouro também foi palco de manifestos políticos, que desencadearam em verdadeira guerrilhas, como a dos Lisos e Cabeludos. Os políticos sempre tiveram no bairro um reduto para suas propagandas em tempos de eleições, atraindo muitos eleitores. Bebedouro nos tempos do major Bonifácio Silveira era um reduto festeiro, conhecido de todos o maceioenses, que se deslocavam para lá e participavam do natal e do carnaval. A praça principal virava um imenso parque de diversões.
      Na época dos bondes, os festeiros usavam esse tipo de transporte para chegar até lá ou mesmo pegavam o trem de passageiros no curto percurso partindo da estação central de Maceió. O casarão da família Nunes Leite permanece lá intacto, preservados pelos descendentes do comendador Jacintho Nunes Leite, um português que elegeu Bebedouro como seu reduto, e levou o progresso para lá. Casarões imponentes, como o da família Leão, hoje ocupados pela Clínica de Repouso Dr. José Lopes de Mendonça, e tantos outros que margeiam a principal rua de acesso ao bairro, a maioria já descaracterizada.

Matriz de Santo Antônio

      Foi o comendador Jacintho Nunes Leite quem importou de Portugal os azulejos que adornam a igreja matriz de Bebedouro. É desse rico industrial, a principal liderança do bairro no século passado, e também a doação do sino da velha igreja feita na Fundição Alagoana de sua propriedade. A matriz é o símbolo da fé católica dos moradores do bairro. Nela são realizados batizados, casamentos e outros atos religiosos. A igreja fica na principal praça, com coreto, bancos e sempre movimentada. Em dias de festa de Santo Antonio e no Natal, é o ponto de concentração dos moradores e visitantes. O coreto, que ornamenta mais ainda a praça também foi obra do comendador Jacintho Nunes Leite, que viveu no casarão, e ainda hoje é preservado pelos seus descendentes. Os saudosistas lembram das retretas em dias de festa. A praça sempre foi o centro de convergência dos bebedourenses. Em dias de baile, no Clube 29 de Julho, ela ficava fervilhando de jovens, que paqueravam e aguardavam os primeiros acordes da orquestra para começar a farra.


Família Nunes Leite:

      A história de Bebedouro tem marca de uma família portuguesa: A Nunes Leite, cujo tronco é o comendador Jacintho José Nunes Leite, chegou ao bairro quando ainda era um arrebalde. Construiu a casa grande, ergueu um engenho de açúcar e o progresso foi chegando aos poucos, até se tornar num espaço urbano preferido da burguesia do século passado, nos primeiros anos do século XX. Liberal, o comendador Nunes Leite, sempre se manteve à frente de sua época na defesa do desenvolvimento econômico e social da cidade que escolheu para viver e criar seus filhos. Tornou-se algo antipático em meio aos senhores de engenho já que comprava escravos e libertava. Mas seu poder econômico, como dono da única fundição da província, fazia com que os coronéis sempre recorresssem aos serviços, pois todo o material necessário à manutenção de um engenho banguê, era fornecido por ele. A trajetória desse português começou mesmo no comércio, quando inaugurou uma loja de ferragens na rua do comércio, em Maceió. Era a Jacintho & Leite & Cia. Ltda, que marcou época. Depois comandou a Fundição Alagoana, em Jaraguá, a fábrica de tecidos de Fernão Velho, a companhia de bondes de Maceió, e implantou o serviço de abastecimento de água de Bebedouro, o pioneiro da cidade. A família Nunes Leite é a mais tradicional de Bebedouro. Até hoje mantém "Solar dos Nunes", um casarão construído pelo patriarca, que fica na praça principal do bairro.


Natal de Bebedouro:

      O major Bonifácio Silveira, com seu espírito festeiro, conseguiu transformar Bebedouro no ponto chique da temporada de festas de final de ano. Por mais de três décadas, ele conseguiu promover o natal mais animado da capital alagoana. Recebia visitantes na praça principal do bairro e em sua casa.
      O sábio J. P. Porto Carrero, quando estudante, passou o natal de 1902 em Maceió, e visitou Bebedouro, onde dançava-se o autentico coco, que na época não era uma dança popular e sim, uma manifestação folclórica dos salões chiques da cidade. Ele descreveu seu primeiro Natal em Bebedouro assim: "Foi em Bebedouro que travei conhecimento no celebrado coco das Alagoas, que sem dúvida é o nosso de Pernambuco também, porém é ali que se dança com mais fervor. Direi o mesmo como algum rito de religião tradicionalmente venerado. Foi ali no alto da residência do sr. Bonifácio Silveira, toda iluminada a giorno na fronteira e nos oitos."
      Quem viveu em Maceió nas primeiras décadas do século passado não se esquece as festas de Bebedouro. O Natal era o mais animado da cidade. A praça se enfeitava de bandeirolas multicoloridas e outros adornos natalinos; fogos de artifício pipocavam no céu iluminado de estrelas; as retretas; o pastoril; o guerreiro; o coco; a chegança e outras manifestações folclóricas, além das barracas de bebidas e guloseimas.
      O mês de maio também era comemorado na matriz de Bebedouro, ainda nos tempos de Império. Era um acontecimento que merecia destaque na imprensa local. O Diário de Alagoas publicava em uma de suas um apelo aos moradores do bairro para que varressem as calçadas e ruas, por onde passaria a procissão.


Principais Logradouros:

  • Rua Bernardo da Mendoça: Antiga rua do Cardoso. O Dr. Bernardo de Mendonça Castelo Branco foi deputado de Alagoas e prestigioso chefe do Partido Conservador.
  • Ladeira do Calmon: Salvador Calmon de Siqueira, farmacêutico e dentista, nasceu na Bahia, mas radicou-se em Maceió, onde chegou a eleger-se deputado e vice-prefeito de Maceió. Esteve à frente dos negócios municipais por pouco tempo, devido à agitação política da época. Construiu uma casa na ladeira, a qual, por esse motivo tomou seu nome.
  • Rua Cônego Costa: Antiga rua do Comércio. É a principal do bairro a mais movimentada ainda hoje, onde está localizada a maior parte das casas comerciais, além do majestoso Colégio Bom Conselho. Antonio José da Costa, sacerdote e político exaltado, foi proprietário do jornal Diário de Alagoas, o primeiro que circulou diariamente em Maceió nos últimos anos do século passado.
  • Rua Faustino Silveira: O patrono foi o professor da Escola Normal. Jornalista e despachante federal, tendo residido em Bebedouro por muito tempo.
  • Rua Carteiro João Firmino: Carteiro aposentado do Correio, era uma figura muito popular no bairro.



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